O Fundo de Desenvolvimento Local (FDEL) foi apresentado como uma oportunidade para jovens empreendedores e pequenos negócios. No entanto, desde o início, vários especialistas e cidadãos alertaram que o fundo não teria capacidade para atender a elevada demanda e que dificilmente produziria impacto estrutural na economia. O alerta foi ignorado, mas hoje confirma-se. O próprio governo reconheceu que não conseguirá financiar todos os projetos apresentados. Link da referência: linkedin
O que explica a situação atual
Um dos principais problemas está na insuficiência de recursos. A procura pelo FDEL excedeu largamente o orçamento disponível. Isso significa que milhares de jovens que depositaram esperança no programa ficarão sem resposta ou sem financiamento.
Outro ponto crítico é a desconexão entre as promessas políticas e a capacidade real de execução. Em países com limitações estruturais, como Moçambique, fundos desta natureza têm impacto reduzido e temporário. Não conseguem responder de forma eficaz ao desemprego jovem, que continua elevado e sem soluções duradouras. A expectativa criada em torno do FDEL foi maior do que a sua função prática.
Também existe a expectativa equivocada de que um fundo isolado possa resolver um problema que é estrutural. A falta de indústrias, a baixa produtividade nacional, a desvalorização da mão de obra e a ausência de políticas de investimento contínuo fazem com que qualquer programa temporário tenha efeito limitado.
O que realmente é necessário
A solução para o desemprego e para a falta de oportunidades não está em fundos pequenos com grande visibilidade política. O que o país precisa é de medidas concretas e consistentes, como:
- Criação e recuperação de infraestruturas produtivas.
- Reativação de fábricas e empresas encerradas ao longo dos anos.
- Estímulo à produção local e incentivo a setores com potencial real de crescimento.
- Investimento público e privado direcionado para atividades que gerem emprego em larga escala.
- Reforma administrativa que permita ao Estado executar políticas de forma mais eficiente.
Essas medidas têm impacto duradouro, ao contrário de iniciativas que, embora bem-intencionadas, não possuem meios suficientes para atender a população que delas depende.
A confirmação de que o FDEL não pode financiar todos os pedidos mostra que o país continua a enfrentar desafios profundos em matéria de emprego, investimento e gestão de expectativas. Não se trata apenas de um fundo que falhou parcialmente, mas de uma estratégia que não corresponde à realidade económica do país.
Enquanto não forem adotadas políticas de desenvolvimento contínuo, de fortalecimento da produção nacional e de geração real de empregos, programas como o FDEL continuarão a produzir frustração. A sociedade precisa de soluções estruturais e não de promessas que não consideram os limites financeiros e operacionais do Estado.